Caso das joias gera pressão no Congresso contra Bolsonaro, e apoiadores silenciam

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A mais recente operação que apura suposto desvio de joias e presentes dados por autoridades de outros países a Jair Bolsonaro (PL) aumentou a pressão no Congresso Nacional, gerou apreensão de aliados e silêncio de seus apoiadores.
Como a Folha mostrou, a investigação aponta as digitais de Bolsonaro nos indícios de evasão dos bens públicos para venda e enriquecimento pessoal.
Deputados da base do governo do presidente Lula (PT) acionaram a Polícia Federal e o STF (Supremo Tribunal Federal) pedindo apreensão de passaporte do ex-mandatário e de sua esposa, Michelle Bolsonaro, e vão tentar quebrar sigilos telefônico, telemático, bancário e fiscal na CPI do 8 de janeiro.
Esta é a primeira vez que as apurações contra ele alcançam um tema com pouca facilidade de enquadramento como ideológico por seus apoiadores. Por isso, o silêncio, já que estariam sem saber como responder, dizem aliados do ex-presidente.
Interlocutores de Bolsonaro, por sua vez, veem no episódio uma “trapalhada”, mas atribuem a culpa ao ex-ajudante de ordens e tenente-coronel preso, Mauro Cid –dizem que, especialmente no final do mandato, ele acumulou poderes e afastou aliados que desaconselhariam o ex-presidente a vender os presentes.
A ação deflagrada pela PF na sexta-feira (11), batizada de Lucas 12:2, dá início à última parte das apurações que podem resultar na acusação de Bolsonaro como líder de uma organização criminosa.
Aliados do ex-presidente rechaçam essa possibilidade e dizem que é preciso ainda aguardar o fim das apurações, mas reconhecem que o cenário, desta vez, é diferente de quando a operação era sobre cartão de vacina ou golpe.
Embora não tenha sido alvo das diligências, como foi o general Mauro Lourena Cid, pai do ajudante de ordens Mauro Cid, Bolsonaro teve pedido de quebra de seus sigilos e deve ser ouvido em breve pela PF. Michelle também foi alvo de petição para uso de seus dados reservados.
O ex-presidente enfrentará ainda, no Congresso, mais uma onda de pressão dos parlamentares da base de Lula. Na CPI mista de 8 de janeiro, a avaliação é de que a operação deu gás à quebra de sigilo do ex-presidente e de Michelle –algo já solicitado pela própria PF.