Mulher é morta pelo ex após sete anos de agressões

Brasília chegou a 25 feminicídios em 2023: Andreia Crispim de Lima Silva, 50 anos, foi asssassinada pelo ex-companheiro, que também morreu em confronto com a polícia logo após cometer o crime. Curioso é que foram vários os pedidos de socorro desde 2017. Os boletins de ocorrência e as medidas protetivas solicitadas pela catadora de recicláveis, todos atendidos pelas autoridades, não foram suficientes para impedir a barbárie.

Por volta das 23h55 de quinta-feira (24/8), policiais militares foram chamados na Quadra 4 da Estrutural. No local encontraram um homem em posse de uma faca. Luis Carlos Ferreira de Vasconcelos, 35, estaria mantendo a ex-companheira em cárcere privado. Houve tentativa de rendição do autor, mas, o mesmo avançou contra a equipe e foi baleado, levado ao Hospital de Base, mas não resistiu aos ferimentos e morreu na madrugada. Andreia apresentava ferimentos no rosto, estava em parada cardiorrespiratória e foi atendida, às pressas, pelos bombeiros, que não conseguiram reverter o quadro. Ela morreu no local.

Denúncias

Andreia levava uma vida humilde. Trabalhava como catadora de recicláveis e, por quase seis anos, exerceu a função ao lado do ex. Vítima e agressor tinham uma relação conturbada, com idas e vindas, segundo testemunhas informaram à polícia. Luis era usuário de drogas e álcool. O primeiro registro à polícia feito por Andreia por violência doméstica foi em 2017. Segundo consta nos autos do processo, em 8 de dezembro daquele ano, o agressor ameaçou a catadora dizendo que, caso ela chamasse a polícia, cortaria ela e a família em pedaços. No dia seguinte, o homem invadiu a casa de Andreia e revirou vários móveis.

Por esses fatos, a mulher requereu medidas protetivas de urgência, que foram deferidas com a finalidade de afastar o homem do lar do casal, mas a ordem não foi cumprida pelo ex. A vítima chegou a se reconciliar com ele, após ele afirmar que iria mudar de vida e parar de beber e usar drogas.

No entanto, em dezembro de 2021, Andreia procurou por ajuda novamente, afirmando que Luis havia ameaçado matar as netas e os filhos dela, de uma relação anterior, além de tirar a vida da vítima, caso ela fosse à polícia. De acordo com uma denúncia de março do ano passado, a catadora de recicláveis relatou que, nos primeiros três anos, a relação com o ex era harmoniosa, não ocorrendo nenhum episódio de agressão. No entanto, Luís voltou a usar drogas e consumir bebidas alcoólicas, passando a agredi-la verbal e fisicamente.

No dia 24 daquele mês, Andreia disse que iria sair de casa e Luis entrou no carro dela, dizendo que iria acompanhá-la. Ao parar em um quiosque para comer, o ex-companheiro seguiu para um bar e consumiu bebidas alcoólicas. Quando voltaram para o carro, Luís estava com uma faca e começou a xingá-la. “Você merece morrer, sua vadia!”, relatou a vítima. Diante da situação, ela parou o carro próximo a uma viatura da polícia e relatou as agressões.
Em mais um dos relatos da vítima, ela contou que o ex era uma pessoa violenta e que a agredia fisica e moralmente. Quando bebia e usava drogas, Luis se tornava ainda mais agressivo e exaltado. Em fevereiro deste ano, a catadora de recicláveis fez uma nova denúncia e informou que estava sendo ameaçada por Luis, declarando ainda que não tinha coragem de registrar ocorrência contra ele para não prejudicá-lo. Ela afirmou que era perturbada por ele durante todo o dia na porta de casa. O ex-companheiro passava pelo portão, dando chutes e saindo correndo. Ela contou, ainda, que Luís quebrou a lanterna do carro dela. O casal já estava separado há um ano.

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